sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Geração Gelatina

Com 37 anos atualmente, acho impressionante como o mundo muda. Há alguns anos atrás, eram tangíveis os ecos de um quadro politico e sócio-econômico dos anos 80 e 90. Claro, recente. Recente?
A existência de tensões sociais de nível intenso, que poderiam levar a missões particulares com risco de vida são hoje coisa que pertence ao mundo da fantasia. Ninguém luta por mais nada. Bem, não estou defendendo lutas ou guerrilhas ou barbados revolucionários (longe de mim isso!) mas apenas considerando o quanto as gerações mudam, num intervalo de 5 anos. É bizarro.

O que me leva a escrever dessa vez, é um sentimento que se repete, não somente em mim, mas em todos os adultos com os quais conversei. Sim, porque não estou falando de idade: mas de vivência. Parece, as vezes, que ninguém jamais será adulto novamente. O mundo parou aproximadamente em 2010, e agora ninguém mais fica adulto. Estamos vivendo na Terra do Nunca!

Invariavelmente, conversando com empresários, prestadores de serviços, gerentes, e todo tipo de gente que está envolvida com contratação ou recursos humanos de alguma forma, ouvimos invariavelmente, inexoravelmente e dolorosamente, a mesma queixa: não existe gente qualificada.

Mas o que significa não existir gente qualificada? É porque são inaptos tecnicamente? Talvez, as vezes. Mas não é isso. Técnica braçal e manual se aprende. O que não existe mais é maturidade. Não se encontra gente madura, apenas crianças e adolescentes. Isso, de modo geral claro. Não vamos injustiçar as moscas brancas que por aí iluminam o céu, que fica como o de São Paulo, preto meio cinzento, meio fosforescente, meio beige, meio turvo, cor de poluição, com esparsos pontos de luz brilhando - que são as almas que se salvam dessa geração bunda mole. O restante, é massa cinza, opaca, morrendo no rio da inercia emocional mal constituída. Mas jamais como o céu fora outrora: Preto absoluto cheio de luzes intensas incontáveis, que eram as pessoas antes, que tinham muito mais maturidade e em maior quantidade que hoje. E as que se destacavam, era por serem quase super humanos da garra, da boa vontade, da fé, do esforço, da responsabilidade... e outros tantos  itens que se foram como se foram os dinossauros.


Eu realmente, por não ser analista político ou antropólogo nem nada do tipo, feliz ou infelizmente sou arquiteto e fotógrafo, e não consigo destrinchar essa história para ilustrar didaticamente onde começou a merda.

Eu acho que foi há muitos milhares de anos, afinal de contas, não existe causa sem consequência (não estou falando das divinas ok?). Então não dá pra falar "ah começou com a guerra fria" ou "com os baby boomers criticando a guerra do vietnã" ou "com os Rothschild dominando a revolução industrial e agora querendo implantar a marca da besta (...sic).
Importante sentir que foi ali atrás, há alguns anos, que isso começou mais evidentemente, a ganhar corpo. Filhos de pais dos anos 80, punks, ou com tios e avós dos anos 70 todos porra loucas, as novas gerações, verdadeiramente nerds e sem perceber isso, foram nascendo como que num pombal de crianças que jogam bolinha de gude no carpete do apartamento. Nunca conheceram um estilingue nem jamais subiram numa árvore, nem souberam o que é ter a bola furada pelo vizinho irado... Entretanto, cresceram permeados de bits e bytes.

As gerações Streight Edge, "caminho correto", não usavam mais drogas, nem álcool, nem faziam nada questionável. A contrapartida desses aspectos que eu particularmente acho positivos, é que também não arriscavam nada nem sabem que a dor, o risco, o medo, a segurança e etc... são em parte, uma fantasia da mente. Dessa queda da tensão causada pela guerra fria, pela opressão do sistema (siiim isso existe!!!! o sistema parasitário de todos os países e sua tutela autoritária pela policia, na verdade, uma invenção não contra a violência, mas contra a revolta da população contra seu próprio parasitismo) e retirada das armas da população, ideologias rasas e idiotas, vazias divulgadas pelas novelas e sistemas jornalísticos, formataram um tipo de mentalidade mansa, gelatinosa, frágil, e passiva. As gerações atuais, longe de serem pensadores ociosos como propunha Domenico de Masi, são apenas idiotas preguiçosos e sem muita força de vontade. Foram criados assim.

Estudando a história do pensamento econômico de Robert Heilbroner, sinto as vezes até inveja dessa geraçao bunda mole. Não estou criticando que deveriam ser tratados como foram as gerações passadas. Jamais. Cada geração tem o sangue na veia que o sistema exige. E história de sistema, essa coisa que parece ter um DNA teleologicamente programado para tudo o que está rolando, não é agora meu assunto de mastigação. Já foi pior, e felizmente, parece que a fraqueza anda de mãos dadas com o conforto. O sofrimento, infelizmente, lapida as almas, ou acaba de foder de vez, se me permite a sinceridade do linguajar.

Mas é fato que, apesar da formação de um sistema de informações super poderoso, que é a internet, e eu e a minha geração (e as anteriores vivas...) passamos por essa mudança de paradigma social e cultural, não mudaram muitas coisas da vida real. A verdade, principalmente de um ponto de vista de estrutura social, relações intertrabalhistas, humanas, e o caramba a quatro, não mudaram com o advendo da internet. Nós já tinhamos Larousse cultural, Enciclopedia do Estudante, Barsa... ninguém vivia tão isolado. Essa diferença de conteúdo, ou melhor, de facilidade de acesso e variabilidade, aparentemente deixou as pessoas menos inteligentes. Ou talvez as pessoas tenham se tornado deposítórios de RAM tão fugaz quanto a manchete do jornal que sempre existiu; Veja, não que não haja importancia, mas a fluidez dos fatos tem um lastro constante. A informação fluindo em teras constantemente não tornou as pessoas mais coscientes da sua situação pessoal e profissional, antes, causou mais dúvidas...

O swarming de 2013 que abalou o Brasil, na opinião de alguns, foi apenas um fato isolado sem repercussão posterior, como uma diarréia eventual que todos participaram (quase todos)....
Isso apenas porque virou MODA na internet, ou melhor, no facebook. Sem ele, nada disso teria acontecido. Foi um meme muito forte que levou muita gente às ruas. Mas nada comparado as revoltas estudantis que outrora, os estudantes da USP encabeçaram (será que é verdade isso???).
Agora, estes são apenas maconheiros idiotizados por uma falsa liberdade dentro dos campus da USP, invertendo os valores, são apenas yuppies fingindo-se de simpatizantes do Che. Por incrível que pareça. Mas nenhum deles estudou verdadeiramente os fluxos econômicos e as causas sociais, foram ás ruas apenas para extravasar uma tensão que não identificam mais, que está adormecida como um Martir Luther King em criogenia.

Morto, é verdade. Quem sabe o que é necessário para ressucitar isso? Porque excesso de absurdos e exploração abusiva já temos faz décadas, senão, séculos. Não sendo behaviorista, aliás detesto isso, mas lembra o rato que se conforma com as condições do experimento de dor o choque e suporta cada vez mais, sem reagir. Isso tudo, é normal agora, dizem. Afinal de contas, temos 5G e telas grandes para twitar. Mas tuitar o que, ? Que está cagando o que comeu, quando postou a foto no instagram? Você pode ver alguma coisa sobre o swarming aqui na desciclopédia porque o da Wikipédia "carece de fontes confiáveis" (idiotas).

Agora olha essa merda, quem foi o fdp que fez essa matéria, essa capa, e a quem a Veja serve? Ah... adivinha. Jura? Rsrs ...é só uma brincadeira da Desciclopédia, mas poderia ser verdade. No fundo, é.
Fato é que não existe mais gente no mercado, com as características mínimas. O excesso de informação, volto a dizer, nada a tem a ver com experiencia de vida, que me falta muito mas o que vejo as vezes é de chorar...
Se você não acredita, converse com alguém que tem uma empresa, por menor que seja.

Agora, pense no que vai virar o Brasil daqui a 20 anos. Vai ter uma quebra tão legal de serviços e na industria, que seremos esmagados por potencias como a china. Porque como todo mundo é vagabundo atualmente, e temos a maior carga de impostos do mundo, a tendencia, já deliciosamente maquinada pelo suposto agente big brother da Nova Ordem Mundial, é que o Brasil seja apenas mercado consumidor. A China quer que todo mundo aqui se dane e compre mesmo. Ah, eu compro da China. Compro de gente que trabalha. Eles são quase escravos, enquanto aqui são todos adolescentes. 

Será que não é viável um meio termo antes de falirmos completamente?