segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Estátua da liberdade em Bauru

Bom, essa é a nova polemica. Esse blog foi criado para isso mesmo: mastigar polemicas, coisa que me diverte. A nova polemica é a horrorosa e linda estátua da liberdade enfiada em uma das entradas da cidade. Muita gente gostou, muita gente odiou. Fizeram um abaixo assinado para remoção da pobre infeliz, com mais de 1000 assinaturas. As opiniões se dividem. Vejamos os prós e os contras...

PROS

1-Uma nova loja na tão sofrida e mal administrada cidade de Bauru. Onde a politica fiscal e a mão de obra sofrivel afugenta todas as empresas para regiões próximas ou distantes. Não importa os detalhes: todo mundo fica desesperado, mesmo porque nao há muito onde se trabalhar aqui, se bem que a maioria não goste muito de trabalhar em Bauru (digo isso por experiencia no meu dia a dia, que é diferente do seu, com outro tipo de gente....) Numa cidade tão pobre de politicas, onde só se ganha dinheiro com especulação imobiliária, com piramides, com serviços onde os profissionais se pegam no tapa por um cm2, num lugar que se formou como eixo de passagem e serviços e não de fixação (quando não haviam ainda desmontado propositalmente a ferroviária bauruense polo de 3 conexões e toda a malha brasileira) então é compreensível: é como passar com capim verde na frente de uma boiada que só come feno. Não que o feno seja ruim, não quero ofender o gado. Mas ca entre nós, muitas empresas poderiam ocupar o local.

2- O local era um terreno baldio cheio de placas de concreto sujo, foco de dengue (onde? só havia mato ali, não baldes e pneus com água!!! e ninguém passava ali perto a pé...)
Era uma visão horrível mas até aí, todo trevo de pista é horrível deserto e meio abandonado mesmo. Não costuma ser um local de interesse urbano, social, comercial ou residencial. Isso é louvável: a empresa se instalou ali, dando vida à cidade. Um pouco além do que gostariam alguns...

3) A cidade vai ficar famosa. Já está até aparecendo na Folha de São Paulo com a divulgação do passado Enyano, famoso no Brasil inteiro, graças aos políticos. E novamente. Além de uma torre Eiffel na ITE (é uma faculdade de Bauru, para quem não conhece a cidade) tinhamos o filhotinho da Eiffel na Av. Nossa Senhora de Fátima, e um Cristo Redentor na Comendador José da Silva Martha. Temos também uma quase réplica da ópera de Sydney projetada por Jurandyr Bueno para solucionar o pantano que era ali (Pq. Vitória Régia), e temos um Borba Gato Sanduíche de fibra de vidro de 3m de altura na Rodoviária recepcionando os turistas, mostrando para que a cidade veio ao mundo. Tinhamos também uma cópia de Stonehange, mas foi trnasformada num horrível viaduto que vai funcionar, graças a Deus. Tinhamos o lanchódromo, o maior parque de barracas de sanduíche do mundo da america, digo, de Bauru, mas não existe mais, graças a Deus foi construído um Instituto Branemark ali.

4) A cidade receberá uma enorme fonte de consumo e exportação de capital fonte de renda. Ali você poderá trabalhar e gerar riqueza que vai para fora da para a cidade. Apesar de haver o parque industrial, e divesos subsídios para o crescimento baseado na industria e produção de riqueza real, a característica de polo de consumo e evasão de recursos continua sendo a marca da cidade, um símbolo de liberdade do capital.

5) Os milhares de turistas que a partir de agora virão  chegam na cidade tomam um choque visual e ficam super eufóricos, e acabam consumindo mais na cidade inteira.

6) Os moradores da cidade poderão se gabar da cidade nas cidadezinhas menores do entorno do centro oeste paulista. Praticamente uma Miami do cerrado.

7) Você jamais precisará ir para Nova York apreciar a verdadeira Estatua da Liberdade, com toda a sua história real e imaginária, e poderá sentir o gostinho dela aqui mesmo. Com a vantagem de que ela é mais colorida que a original e mais acessível.

8) Você jamais em hipótese alguma se esquecerá da loja Havan, e menos ainda de sua localização, caso tenha algum tipo de disturbio ou disfunção com relação a localização e avaliação de empresas, sua localização no mapa, sua cara, etc.

9) Estamos nos tornando uma cidade sulista. Espero que fique mais frio o ano inteiro também.

CONTRAS

1) Você acabará tendo que falar ingles agora. Não se pode viver numa cidade que está sendo colonizada pelo Tio Sam sem falar ingles, que apesar de ser um idioma britanico, os analfabetos fundionais muita gente pensa que é dos EUA.

2) Você será confundido com americanos. Engordará, passará a comer hamburguer e gostar de futebol americano, baseball, streeptease, mascotes felpudos, carros que explodem, aviões de guerra e astronautas (Isso ja temos um!!!). A única desvantagem é que terá que adquirir os hábitos deles, com relação a relacionamentos. Mas não são muito diferentes dos nossos. Aliás, ouvi dizer que são identicos.

3) Poderá sofrer acidente na entrada da cidade, pois a estatua chama tanta atenção por sua beleza reprisável ao infinito que os homens baterão no guardrail como se houvesse ali uma passeata das vadias, mas todas lindas.

4) Corre-se o risco de sofrermos atentado com aviões muçulmanos.

5) Vão achar que você é um idiota também por morar numa cidade que tem uma cara tão idiota. Seria como ser obrigado a usar um botom com a bandeira dos EUA pro resto da sua vida, enquanto morar aqui ou disser que morou aqui.

6) Vai ter que aceitar essa aberração de referencia urbana que seria o mesmo que encher de pimenta maionese e catchup, uma fatia de queijo frescal e ter que devora-la sentindo cheiro de pinho sol num restaurante pintado de verde piscina inteiro por dentro e por fora, com cadeiras listradas de roxo e amarelo.

7) Vai ter que conviver com uma escultura que consegue ser maior que muita coisa dessa pequena cidade de investimentos permanentes, e que portanto, demonstra claramente o quanto a cidade é caipira e fechada para novas POLITICAS DE INVESTIMENTOS. Já que hoje em dia não há razão em se falar de mentalidade fechada ou preconceituosa para mais nada. Não é mesmo?

8) Vai ser tachado de mentalidade pequena se não aceitar isso. Porque É NATURAL DOS INTELIGENTES ACEITAR QUALQUER COISA. Ou não.

CONCLUSÕES

Após densa análise científica, fengshuiana, astrológica, metabólica, quimica, sistemica e estrutural do caso, chegamos a algumas evidencias, verdades, axiomas...

1) O simbolo da empresa não é de bom gosto, na verdade. Muita gente gosta, mas não é de bom gosto. É um simbolo (e nao logotipo), que é uma aberração, palavra que vem de "berro" ou coisa que grita ou faz gritar, o que é o caso mesmo. Em termos de marketing, é de violencia visual clara: distoa da paisagem, do contexto, é egoísta e apelativo. Te obriga, enfia goela adentro sua imagem. Chama a atenção muito mais do que o necessário. É um ícone populesco, desgastado, cafona, brega, kitsch (veja o que é kitsch no google por favor). Não tem sofisticação, não tem educação, não tem moderação. Como tudo que se atribui a pobreza cultural, é em excesso e fala alto demais, é grosseiro e uma cópia.

2) Em termos artísticos, não há muito o que comentar, é a contramão de tudo o que se possa considerar arte ou arquitetura, ou que se diga, arquitetura do simulacro, bem definida por Otilia Arantes, É pior que funky business. Não está no nível do marketing de guerra ou de guerrilha: está no nível do marketing do estupro. Não tem diálogo com a cidade, e arte e arquitetura, são consistentes e de QUALIDADE quando consideram o entorno, o público, o ritmo, o fluxo, a vibração do local. É como um Jim Carrey entrando num filme do Tarantino economista.

3) Sim, vai atrair novos investimentos, gerar empregos, etc. Mas, vamos considerar que a evasão de empresas não é por causa de abaixo assinados. Isso seria ridículo. A evasão é por outros motivos, os quais não faço idéia de quais sejam, mas isso não muda o fato de que não é por abaixo assinado contra estatuas da liberdade. Além disso, argumento não se aplica pois quem tem interesse é a empresa, já que vai ter lucro, obviamente, e o lucro vai PARA FORA DE BAURU. Então, muita calma antes de ficar desesperado por causa de empresa nova, já que poderia ser uma empresa da cidade também. Mas poderia ser um CHINESA e levar as divisas para bem longe também. Alguém aí sabe de onde é o dono do Havan???


4) O terreno é da empresa mas a cidade não é deles. Outdoors, placas, letreiros, luminosos, poluição sonora, pixações, ocupação de áreas publicas, todo e qualquer elemento que constitua interferencia na vida social é passível de revisão, e não existe isso de o terreno é dele e ele faz o que ele quiser. Vamos partir para um exemplo bem ignorante, senão nao entra na cabeça dos defensores da liberdade acima de tudo: Se o seu vizinho plantar um tronco em forma de penis ereto de 6 m de altura e escrever o seu nome nele, você vai desejar que ele remova ou não? Vamos supor que não seja o seu caso gostar de penis de 6m de altura. Voce provavelmente, apesar de ter um nome COMUM, argumentar a coincidencia dos fatos e buscar seus direitos até que ele remova o tal monumento falico. E onde está o direito privado???? Ele também resguarda sua vida, mesmo que a ofensa venha de um lote do outro lado da cidade.

5) Se chegou ao ponto de muitas pessoas assinarem o abaixo assinado e de gerar tamanha discussão, não se pode pensar que realmente pode ter alguma coisa errada no caso além do direito do proprietário berrar muito alto para que você o veja???

6) Sobre a iconologia da estátua, teorias conspiratórias, socialismo capitalismo e comunismo, brasilidade, iluminatti, ovnis, chupa cabras, terra oca, egito, pendulos de cristal, mumias de aliens e tudo mais, não vamos entrar no mérito da questão. É claro que pode significar mil coisas idiotas, eu acho que significa apenas mal gosto e estupro publicitário. O que  particularmente me constrange, por estar morando em Bauru. Mas o rio da nações constrange, o pátio abandonado constrange, mais uma lista enorme constrange. E porque elas estão aí damos o direito de novas coisas incomodarem? Ou porque novas coisas incomodam nos esquecemos das mazelas atuais? Não nasci em Bauru. Não sou ufanista, nem puxa saco de lugar algum. Vejo de fora, como urbanista, como estudante de mídias e marketing, publicidade, linguagem e comunicação. E realmente, a empresa poderia ter tido a dignidade de ter uma identidade própria e muito mais bonita que essa cópia barata. Poderia ser maior, mair chamativa, mas que fosse original pelo menos.





segunda-feira, 1 de julho de 2013

Estado Laico ou religioso? Ensino religioso??














Antes de mais nada, quero deixar claro que não sou a favor nem contra o envolvimento do estado com a religião. Mas sou a favor de as pessoas serem religiosas de verdade e não hipócritas. Fanático, eu? Não. Explico.

Toda conceituação humana vem basicamente de 4 polos:

1) Conhecimento popular não formalizado, ditados, habitos, lendas, práticas locais, usos.
2) Metodologia científica
3) Metodologias filosóficas
4) Religião.

A maioria destas acaba por se tornar verdade pela simples repetição, e raramente os humanos voltam a questionar a epistemologia que a gerou. De forma autoritária, todas elas se impõem em determinados grupos como verdades absolutas, assim como sua metologia de raciocínio e dedução da verdade. Dizer que é cético sobre isso é adotar uma verdade da filosofia, totalmente plausível.
Entretanto, o objetivo aqui não é dizer qual é a melhor delas, mas averiguar o seguinte: as tres primeiras são baseadas em argumentação, discurso, pesquisa, metologia, resultados e dados. 

Os dados ou conclusões, ou material acumulado (e este último é o princípio do item 1) acabam gerando um rol de informações, sabiamente, de natureza neutra e imparcial. Mesmo que a ciencia ou a filosofia tenham discursado sobre o certo, o bem, o bom, o mal, os vícios... o que é justo ou não, e o que é "correto", sabemos que isso são hipóteses, pois há o direito nestas linhas de conhecimento, de se questionar uma metodologia, esta ou aquela. 

Há portanto, neutralidade de conclusões, não se pode dizer que a filosofia ou a ciencia ou a cultura popular sejam boas, justas, corretas, amáveis... pois são um aglomerado de teorias as vezes dissonantes, como no caso da ciencia, e as vezes predominantemente dissonantes, como no caso da filosofia, ou uma colcha de retalhos, como no caso da cultura popular. Nenhuma delas se propõe a guiar o ser humano em direção a estes adjetivos.

Se existe uma única fonte que se esforça para sintetizar todos os adjetivos desejáveis com relação ao que se entende por justo, bom, correto, incorruptível, honesto, honroso, etc e dezenas de ajetivos que desejariamos que os nossos politicos tivessem, é a religião. Porém, é obvio que a religião não garante gente decente no governo, nem também se considera que qualquer religião é semelhante.

Estou falando aqui da religião que entra em acordo com os tais adjetivos desejáveis, no caso, em conformidade com a nossa cultura, o cristianismo, claro. Mesmo porque, não estamos falando da religião dos astecas, nem de magias e ocultismos que incluem sacrifícios, nem de religiões que simplificam na pena de morte a justiça, sendo isto completamente aceitável como por exemplo, cortas as mãos de um ladrão. Então, por favor perceba que as religiões são bem diferentes, e quando se diz Estado religioso, no Brasil, significa basicamente, Estado politico E cristão.

A corrupção da Santíssima Igreja medieval

A primeira coisa que citam é a corrupção da Igreja, como se isso fosse o que há de história da humanidade. Entretanto, antes do capitalismo, praticamente todos os reinos da existencia humana eram baseados em poder divino ou semi-divino, ou que os governantes diziam ser descendentes ou algum tipo de divindade, ou representantes de deus (em minusculo, pois é genérico). Estado laico é evolução? Talvez. 

Contra a hipótese de que a Igreja  religião foi a causa do caos medieval, incluindo-se queima de pessoas vivas acusadas de bruxaria, vamos notar que:

1) Igreja medieval não é sinonimo de religião, nem de cristianismo (que é outra coisa, para quem nunca estudou a bíblia)

2) O Estado não era religioso na Idade média, aliás nem existia exatamente Estado como nos moldes atuais, então já não serve de parametro. Haviam reinos, reis religiosos ou não, e a Igreja como instituição de poder paralelo e manipulador. E isso não quer dizer que a Igreja católica do período era boa ou ruim, haviam vários polos positivos e negativos, cf. a região ou grupo, e isso não quer dizer que o sistema de governo era de longe semelhante a um estado republicano religioso.

3) A Idade média foi um processo de imposição de interesses que usaram a religião como forma de poder em oportunismo contra o retrocesso causado pela queda do imperio romano, que aliás, era um estado escravagista, autoritário, exterminador de criminosos com pena de morte por crucifixão e outros métodos cruéis, ou seja, era um estado laico. E isso não significa que um estado laico seja assim ;). Além disso, os conflitos religiosos e de crenças pagãs que usavam de feitiçarias e outras práticas não católicas eram constantemente utilizados como argumento de domínio pela Igreja, e não pelo Estado. Esta última linha ficou clara? Memorizou? Não tem a ver com estado laico ou religioso. Tem a ver absolutamente com os hábitos da igreja católica do período.

4) O exemplo que as pessoas gostam de utilizar é basicamente relacionado a Igreja medieval, católica, no período absurdo em que ocorreram essas práticas, e nem de longe é o unico exemplo de combinação ou dissolução do estado e da religião (igreja como é usada só faz sentido no contexto católico!)

5) A história é longa, muito longa, e Pedro Alvares Cabral não veio parar aqui porque se perdeu no oceano, como ensinaram na escola. E o mundo não começou na época que dizem. Arqueologistas traçam culturas ha mais de 50 mil anos, super desenvolvidas, com tecnologias de perfuração com brocas de diamante, então vamos analisar a bíblia (porque todos os sítios arqueológicos encontrados que são relatados, foram confirmados com textos cuneiformes, hieroglifos, grego... então são histórias de reinos que existiram). Portanto, vamos pensar no exemplo registrado de Salomão e Davi, cujos reinos eram de dois "fanáticos religiosos", reis, e cujos registros bíblicos e arqueológico anotam o que fizeram de bom e de ruim, resumidamente. Portanto, não se trata de usar a idade média e a queima das bruxas ou a igreja católica como demonstração de falibilidade desse sistema, mas uma tendenciosidade momentanea.

Ensino religioso? 


As pessoas são incoerentes. Apoiam a liberdade de expressão, mas não se pode falar de religião. Rejeitam ensino religioso mas querem que seus filhos e familiares tenham "valores". Seria interessante que tivessem coerencia em seus discursos. Porque quem não apoia ensino religioso por exemplo, não deve ser contra sua filha de 12 anos transar com alguém de 40 se der vontade (homem ou mulher...). Nâo faz sentido. O único sentido é se isso for associado a valores religiosos pois a ciencia e a filosofia não neutralizam a sexualidade, nem a sensualidade, nem a obscenidade em público. Segundo estas, são apenas hábitos locais, de um povo, seus costumes. Já a cultura popular é local também. A cultura local do morro inclui e aprova o baile funk, sendo esta cultura jovem. A cultura mais idosa nao aprova. O instinto e a natureza permitem essas aglomerações, e hedonisticamente, são válidas. Certo?
Pois bem, ensino religioso, é uma coisa que parece não ter função direta, mas se é importante que se aprenda interpretação de texto, é importante que se tenha aulas de política, de ética, de filosofia, e porque não de religião ou teologia? Rejeitar uma área tão premente do conhecimento humano não passa de preconceito de mentalidades fechadas e anti-religiosas por natureza, tanto quanto as anti-filosóficas, anti-políticas, anti-culturais, das pessoas que desfilam armas e corpos na favela como demonstração de poder.

Não, eu não estou falando que estado laico e escola laica são sinonimos de putaria. Só estou dizendo que se você é a favor, deve calar a boca quando assistir espetáculos do tipo baile funk, com pessoas armadas. Afinal de contas, desfilar de metralhadora não significa que vai usar em alguém, certo? Nem que está invadindo sua privacidade emocional. É pura frescura sua.

Bastar ser correto e justo para se governar?

Entretanto, como foi analisado no começo desse post, estes conceitos são religiosos, pelo menos, no que tange a não terem sido selecionados ao acaso de um balaio teórico como a filosofia ou a cultura popular, ou a ciencia que não aplica isto como verdade (justiça e bondade para a ciencia é uma resposta química associada a bom desempenho genético da espécie, melhor dizendo, para o INDIVIDUO já que se aplica seleção natural para os mais espertos)

Não há como se esperar isso como premissa de um grupo de ateus, mesmo os de melhores intenções. Ah, me poupe de argumentar que NÂO estou dizendo que os ateus são ruins ou injustos ou isso ou aquilo, apenas que eles não tem uma motivação externa que não seja sua própria decisão momentanea baseada em julgamento subjetivo, do que é certo ou errado. São valores pessoais. Não existe a ciencia do ateu, ou a filosofia do ateu, que associe obrigação de ser bom ou justo ou correto a essa posição religiosa.

Por outro lado, é obrigatório ser justo, correto, bom, honroso, quando se trata de ser cristão, já que isso foi comentado lá em cima o porque de eu usar agora cristão para o caso. Além disso, é óbvio que o sujeito dizer que é cristão não garante que ele seja bom. Tanto quanto dizer que o estado laico será justo ou bom, não tem garantia nenhuma. Mas por isso eu desejaria que as pessoas fossem verdadeiramente religiosas, todas elas. E a consequencia seria um estado religioso, mesmo não anunciado. Porque se elas fossem verdadeiramente religiosas, verdadeiramente, seriam honestas e justas, (ah cacete nao estou falando que só os religiosos são honestos pqp!) mas se fossem verdadeiramente religiosas, teriam OBRIGAÇÃO de serem corretas, justas, verdadeiras, transparentes e boas. Seria ótimo não acha? Ou você prefere as coisas como estão, um governo entulhado de lixo espiritual, cheio de crentes, católicos, espíritas, macumbeiros, taoístas, seja la o que for, que se dizem mas não são verdadeiramente? 

Casado(a), mas prefere o Estado Laico porque diz que é politizado.

Casado(a) na igreja católica, de véu e grinalda. Aceitou a autoridade da igreja para definir sua comunhão, sua união, jurou e fez promessas. Gastou fortunas na igreja com a festa, o padre, os convidados, o arroz, as flores, o carro, a lua de mel... mas prefere o estado Laico porque acha que administração, governo, autoridade não tem nada a ver com religião... Mas em seu próprio lar é absolutamente Estado religioso... (isso supondo-se que se casaram e praticam a religião em que casaram...)

É interessante como a maioria das pessoas adota e discursa em microescala a sua religiosidade e sua postura decorosa, mas quando se trata de governo, acredita que é dissociável. Até que ponto? Se as pessoas fossem assim tão livres dessa mistura polemica, seria coerente mas a verdade é que a maioria das pessoas é religiosa, acredita em alguma coisa, e acha que o outro tem obrigação de acreditar também. Mas quando se trata de mídia e Estado, a coisa muda. Poucos são a favor, especialmente para fazer média entre os outros e "pagar" de politizado independente. Pura hipocrisia.
Sejamos coerentes, e saibamos de onde vem nossos valores. Se você é contra o Estado laico, não deve ser contra a pena de morte, o aborto, a pornografia, e qualquer coisa cujo único argumento que existe verdadeiramente contra é de base religiosa. Poderia ser a favor, neutro, mas não contra, pois além da religião, não há justificativa contra a morte e o aborto ou a erotização precoce. No final das contas, todo e qualquer argumento que se arraste, é no final, de base religiosa.



Notas:
a) "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus". Aplicou-se a tributos, e não a posição do governo, que já era laico. Aliáaas.... César se considerava um deus haha.
b) O governo de César era laico. E foi ele quem crucificou Cristo. Os gregos e romanos são os fundadores da filosofia ocidental, entretanto, há na filosofia ocidental diversos autores extremamente religiosos, e portanto, coloca em pé de igualdade ou indiferença ser ou não religioso para a avaliação da qualidade "pensadora" do individuo.
c) Che Guevara e Fidel Castro eram ateus, o Estado cubano laico, autoritario, assassino, e se autodenomina comunista. Entretanto, me parece que isso não é comunismo. E não me parece que todo estado laico seria assim. Mas é irritante escutar que o estado medieval era religioso na europa.

Adoro uma polemica :)













quinta-feira, 27 de junho de 2013

Pelé e Santander: uma cagada de marketing


Já faz mais de uma semana que venho observando a cara do Pelé sendo fortemente desprezado, agredido textualmente, ofendido das formas mais criativas, associado a burrice e venda de reputação. A campanha do Santander com o Pelé, ninguém entende, porque eles mantém. Devem ser subsidiados por um grupo muito filho da puta que insiste em tentar enfiar goela abaixo a idéia desse babaca e do futebol ufanista na garganta do brasileiro.

Genialmente Jeniaumente, a equipe de marketing do Santander insiste na porcaria da campanha, mandando a imagem dele para ser vaiado por milhares de dislikes. Ah se o facebook tivesse o botão dislike... seria homérica a queda. Mas o banco Santander não sabe tirar o timeco de campo.

Pro nosso prazer extenso, vemos todos os brasileiros lembrarem do Pelé falando merda e do Ronaldinho, quem nem merece uma foto aqui porque é idiota demais. Basta clicar nas imagens do Pelé e rolar tela abaixo para apreciar ininterruptamente, milhares de comentários mais indignados que o outro, de brasileiros PUTOS DA VIDA, e não é momentaneo.

SANTANDER, NÃO É MOMENTANEO, ENTENDEU?

Mas eu me divirto, e agora, lembrando que em Dois Córregos não deixaram o Pelé entrar na praça porque ele é negro (isso lá pra mil novecentos e bolinha), e entendo que, não é porque ele é negro que ele mereceu isso - longe de mim, absolutamente nada contra negros, afrodescendentes o que for, dane-se eu falo PRETO porque tenho intimidade e meu filho é neto de PRETO ok? Então, esse preto burro entrou nessa por $, logicamente, e jogou por terra uma história inteira que já estava meio manchada, especialmente por causa da Xuxa que era profissional de entretenimento masculino e se relacionou com ele por amor. Pelé mereceu isso la em Dois Córregos porque ele iria dizer o que disse: filho da puta, e todos os que concordaram com ele.

Sorry, my friend. Sou brasileiro, e detesto babaca.

Segue o link para a infeliz postagem...

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=617931528231266&set=a.239724392718650.67086.116723261685431&type=1&theater



domingo, 9 de junho de 2013

Prostituta: uma profissional como outra qualquer. É?

Legal, inaugurando um novo blog com um assunto que está na boca do povo: prostituição.


Segue o link:



Bom, não vamos entrar em detalhes sobre isso e aquilo da lei e etc. Vamos direto ao assunto que é o motivo porque isso é polemico. Tudo começa láaa atrás nos tais dos bons costumes que para alguns não são bons, são prejuízo mesmo. A industria do sexo, pornografia, cinema, pedofilia, crianças consumindo como adultos erotizados, tudo é ótimo para as vendas. Chega de conservadorismo, isso é coisa de gente que usa saiona jeans, cabelo enorme primitivo e suvaco cabeludo. Coisa do inimigo, coisa de crente, católico, coisa de moralistas (falsos?); Coisa que não dá lucro.

E você, que está aí com essa cara de idiota, incomodado com a notícia, proponho que se decida. Ou você acha normal, se curte uma puladinha de cerca, se gosta de levar uma delas de veze em quando pro motel, se trai o maridão, se gosta de fazer tudo o que dá vontade, pode ir parando. Seu nome é hipócrita, em negrito, caixa alta e alto e sonoro, limpido e visível, escrito no meio da sua carinha de ovelha fingida.

Ora, decida-se; Ou você libera tudo, e esquece essa história de moralismo, porque não se pode ser mais o menos e moderadamente permissivo como no caso abaixo:

"ah, não concordo com matar muita gente mas matar de vez em quando é normal".

Pois bem, prositituição, roubo, engano, manipulação, falso testemunho, tudo aquilo que se diz errado na Bíblia que você torce o nariz, é farinha do mesmo saco. Se você é naturalista, tem que achar isso tudo uma bobagem e topar numa boa sua filha virar putinha e sua esposa sair com qualquer um, pois fidelidade é uma invenção judaico-cristã. Os gregos pensadores não viviam essa frescura, os esquimós também não. Se você for pro polo norte vai ter que comer uma inuit cheirosinha pra demonstrar bons costumes, tenha a mente aberta, chega de pensamento provinciano, ok?
Naturalistas são espertos, a lei do mais forte, a seleção natural, a genética, o interessismo e os mecanismos da cópula, manutenção da prole, probabilidades, macho alfa etc. Tudo isso é NEUTRO, é tudo biológico. Então é correto ter muitas e muitas putas no mundo. Vai ficar uma delicia vc não acha? Até você ter uma filha hahaha e ver sua mãe revolucionando sua família, sua irmã cheirando mil machos e passando bichinho pra vc pelo copo americano.



Agora, não seja hipócrita. Prostitutas são profissionais do entretenimento, respeite, pague, goze, limpe-se e volte para sua vida quotidiana. E nunca, nunca nunca fique estressado se mexerem com sua mulher ou seu homem, jamais xingue alguém, porque qualquer atividade de proveito que te ferre, está no mesmo patamar ideológico de justiça que a prostituiçao. Uma sendo legalizada, tudo é também. São opções. Ser ladrão é uma opção. Só torça para não ser vitima, mas não fique chateado com o bandido, ele está praticando uma das profissões mais antigas do mundo, é uma questão biológica. Animais fazem isso. É natural...

Mas se você optar por ser conservador, chato, se vc não gosta de mentiras, ladroagem, estupro, pedofilia, se você acha que isso tudo é ruim, então voce é um idiota que acredita numa invenção manipulativa chamada Biblia que proibe tudo isso, com um Deus autoritário (nossa, quem ele pensa que é não, para querer impor a vontade contraditória dEle?) que proibe que você faça tudo que te dá vontade, por exemplo, matar seu cunhado e comer a mulher dele, ou a cunhada e dar pro marido dela. Ou transar com alguem da sua família, ou ser homossexual, ou etc. Ah, agora sou homofóbico não pode falar mal. Não estou falando, só estou indicando a fonte histórica dos seus valores contraditórios ok?

Decida-se. 

Mas a noticia é falsa.

Eu sempre acho que estão tentando e testando a reação da população. Alguém acha que a bolsa crack é um hoax? Pois bem... Este post é sobre a sua reação com a notícia, a possibilidade de ela ser real. Algumas coisas não existem no meio termo. Não se pode ser mais ou menos ladrão. Se você roubar um pirulito, é ladrão. Nâo se pode ser mais ou menos liberal: se você é adepto do relacionamento aberto, é liberal. Dessa forma, ou você revê os seus valores ou aceita tudo isso. Mas não fique na contradição conveniente... e não se trata de ser radical: trata-se de ser coerente e não uma colcha de retalhos de conveniencias e fingimentos, pequenos oportunismos, multiplas faces...





sábado, 16 de fevereiro de 2013

Índice

Este blog é um exercício retórico, literatura, análise crítica e conceitual sobre o desenvolvimento da cultura emo através dos ultimos eventos das décadas recentes.
Não há intenção de se dizer a verdade ou nenhuma forma de manipulação, é apenas um blog de dissertações gratuitas, simplesmente porque eu adoro escrever.
Boa diversão!

1-Fronteira paradigmática
2-Ecos de uma geração: Introdução à crítica contra o liberalismo emo
3-O ícone Chico Buarque antes do trodo da Ditadura
4-O emo-cional
5-Não existe uma mente feminina

segunda-feira, 6 de junho de 2011

1- Fronteira paradigmática

Uma extensa e infindável discussão rola nos meios mais eloquentes sobre quem nasceu primeiro: a ética ou o capitalismo. Ou melhor dizendo: a moral ou o capitalismo... coitada da ética, tão imparcial e eu insinuando que ela é anticapitalista. Ela não, mas entre a moral e o capitalismo há uma certa distancia, a mesma que há entre óleo e água. Aliás o exemplo induz a outras sinestesias: o óleo lubrifica as engrenagens, estimula a concorrência e o desenvolvimento. A velocidade, a força e o objeto. Já a água, mero solvente universal de quase toda matéria organica e também telúrica...

Sobre o liberalismo, o laissez faire, laissez passer, e o panis et circensis (ironicamente apropriado por Gil e Caetano depois, seriam eles mesmos convertidos em circus...) o que senti foi o troco natural ou naturalisticamente dado ao povo. Quem pode com o povo?

Depois de tanta repressão, de tanto Cálice, a velha força doutrinária, os velhos resistentes contra a liberdade absoluta (mesmo porque hoje em dia a minha liberdade não termina onde começa a sua...) cansaram suas pernas e braços. Cansaram de ser paternalistas e dominadores. Ou o cansaço foi aplicado à força neles, que não saiam de cima do ovo.

Ingenuidades deixadas de lado, nem um nem outro grupo deixaram de ser corriqueiramente, marionetes de algo maior. Todas as forças sociais que conspiram pela dominação do povo encontram fundamento em sua própria natureza indolente, dependente, cheia de vícios de caráter. Cada povo tem o governo que merece...
No Brasil de hoje já dá pra falar que... cada povo tem a elite cultural que merece...

É nítido que ao longo da história todos os povos (com raras exceções mas não me pergunte qual) suplicaram por uma ou outra forma de dominação, de subordinação corporal e espiritual. Veja o caso dos hebreus rebeldes: na falta de um Deus palpável, forjaram um bezerro de ouro para adorar, ou seja, para sentirem-se dominados por algo acima deles. Parece próprio da natureza humana esse jugo voluntário... o que também explica a força da igreja católica baseada no velho testamento e na ira divina.

Antes, um povo mundialmente deslumbrado com a imponência da natureza dominante, hoje acredita através dos sacerdotes da ciência que o homem tudo pode, e que a moral foi ceifada pelo experimento e pela estatística, pela lógica.

Clichês consagrados: naturalismo, darwinismo, física newtoniana, causa e efeito, experimento controlado, prova científica, laboratório... uma parafernália própria de um paradigma que felizmente, hoje já mostra sua artrite em público. Mas, a coisa não se resume a um problema de investigação do universo...

O liberalismo, resultado de uma conjuntura de intentos e resultados alheios e antimetafísicos, parece muitas vezes ter brotado como sombra ou como vaso onde uma planta chamada capitalismo se fortaleceu em simbiose pura. Um meme poderosíssimo...

Não se sabe até então, se foi o capitalismo que criou o liberalismo, se foi a ciência, se foi coincidência.... a sincronia do mundo não pode ser explicada por teorias filosóficas, estou falando aqui de impressões apenas.
O pior: impressões sobre notas de uma história que nem sei se é verdadeira...

O naturalismo do darwinismo e do capitalismo avançam em passos largos, numa situação interessante, como a dos países baixos: sua margem é criada à força, e o mar do desconhecido recua. Os diques das teorias econômicas vão garantindo suas bordas, e nesse lugar que tem tanto lastro quanto dinheiro de especulação, um universo inteiro contemporaneo se cria. E a cultura, na raiz do seio familiar é tomada de tal maneira que parece insanidade pensar diferente ou lutar contra.

domingo, 5 de junho de 2011

2 - Os ecos de uma geração: introdução á crítica contra o Liberalismo Emo

É justo com o leitor eu me apresentar, uma vez que este blog representa opiniões "pessoais minhas", alguns achismos e outras impressões geradas por um estilo de vida exclusivamente meu, com a minha história, minhas conquistas, traumas e todos os itens que todos temos.

Posso afirmar que sou de uma geração intermediária, se é que isso faz algum sentido. Nasci nos anos 70, mais precisamente em 1976, mas longe de toda a balbúrdia ideológica nacionalista, americanizada, européia, cult e contracult...
Sou daquela geração que recebeu uma educação considerada boa (mas não excelente...), e afirmo de boca cheia, numa escola estadual que seria e ainda é, uma das melhores do Brasil, em São Paulo, Zona Sul (Ennio Voss). É importante contextualizar o leitor, já que todo o resto deriva disso...

Importante anotar que nesta escola, num bairro de classe média - o Brooklin, havia uma favela de picadinhos sobre um córrego imundo em frente, exatamente do outro lado da rua. O que não impedia que muitos alunos abastados ali estudassem. Aliás essa não era a única, haviam outras, e havia também as ilhas pouco mais abastadas nas redondezas. Assim, a tipologia de muitos alunos era a da mistura, de classes e grupos ideológicos. Aliás, isso era style na época... se dar bem com todos os grupos. Mas isso não é liberalismo, nem hipocrisia, é apenas brasileirismo.

Intermediário sem ser mediano, ou descambar para o medíocre (que vem de médio pra quem não sabe...). De etnia mesclada de japones, africano, europeu e índio, posso fazer piada de quem eu quiser, desde que haja bom humor nas proximidades... estudado em escola pública, no primário (municipal... tinha merenda completa!), no ginásio estadual (e já peguei ônibus pra ir pra escola depois localizada na estação Conceição...), e depois cursinho na Poli e depois na Unesp: cursinhos como "bolsa de pobreza", com desconto depois do desempenho nos simulados... e depois na estadual novamente: Unesp, Arquitetura e Urbanismo.

Profissional mediano.... não sou dos piores e não cheguei no topo (tomara que sim um dia!), e se não der certo, não vai ser por falta de vontade.

Dessa geração que eu cresci, cercado de militantes de esquerda na própria família e um autoritarismo típico japonês, displicentemente espartano e jogado no mundo pra aprender, assisti de camarote todo um burburinho e manifesto pela ordem estabelecida, e contra ela. Contra a TV, a favor, contra o americanismo, a favor, e assim por diante. Religião então... deixa pra lá...

Na minha família, até então, nenhum revolucionário. Nenhum militar. Nenhum underground, hippie, nerd ou vagabundo. A coisa caminhou navalhando tudo isso... pagando o preço de muitos clichês, claro. Mas nada muito comprometedor.

Um resumo seria o seguinte: a minha infancia e adolescencia durou até os 18 anos. Depois tive que virar adulto na marra. Mas eu sei que antes de mim a fase adulta costumava vir antes, e depois de mim, a adolescência desejaria permanecer eternamente... para os filhos de pais intoxicados por um liberalismo mal ingerido...

sábado, 4 de junho de 2011

3-O ícone Chico Buarque antes do troco da Ditadura

"Apesar de você amanhã há de ser
outro dia"
Frase bem conhecida da música de Chico Buarque, amargando contra a maldita Ditadura a promessa de vingança, a virada de mesa contra a repressão da liberdade física e intelectual, contra a opressão burra e desgraçada derivada das opiniões quadradas ao extremo dos milicos daquele tempo (e talvez de hoje também...)

Toda uma geração de artistas e intelectuais lutando contra um inimigo palpável, uniformizado, nítido em sua posição ideológica. A luta leva à ideologia necessariamente contrária, mesmo ao custo do bom senso: toda ideologia tem sentimento suficiente para não conseguir passar incólume ao vício da parcialidade radical, dogmática e de visão aguda.

A promessa é clara, e o pacto com o povo também: nós vamos transformar isso aqui numa festa e quero ver vocês milicos conseguirem nos segurar! Nós vamos acabar com a reputação de vocês, com suaas armas, corroendo de dentro pra fora, até que vocês sangrem na consciência todas as atrocidades que cometeram e cometam suicídio anunciado aos quatro cantos...

Eis aí algumas palavras que se tornaram absolutamente malditas: ordem, disciplina, regras, rotina, hierarquia, autoridade, controle, sistema, poder, padrão, meta, alvo, pontaria...

opa, peraí. Já estamos entrando num outro campo: o dos guerrilheiros em busca do mesmo poder que criticavam: vamos listar algumas palavras que faziam parte de duas classes: dos milicos e dos revolucionários armados: meta, alvo, estratégia, luta, disciplina, inimigo, tática, regras, poder, força, armas, morte, sangue, controle, destruição, implacável, tortura, uso de força, combate, militar e manutenção do poder.

Agora, já que estamos nessa... vamos listar algumas palavras importantes da "elite cultural" representada pela intelectualidade e artistas, livres leves e soltos (ou quase...): amor, liberdade, leveza, arte, cultura, conhecimento, intelecto, informação, arma oculta, indireta, horizonte, céu, livros, mallarmaico, cores, sons, texturas, cheiros e perfumes, dança, expressão... aaa tá, a lista é infinita. E bem mais agradável que a dos milicos de esquerda e de direita, os primeiros que só liam um livro e os segundos que não liam nenhum.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

4-O emo-cional


Pois bem.

Ontem fui trocar um tênis e fiquei ali passando mal lembrando de toooodo o desenrolar dos tenis desde o kichute e bamba, passando pelos revolucionários nikes air, os new balance, asics, rainha (para volei, coisa da minha geração...) botinhas de camurça e solado de latex (coisa de quem achava que era surfista...) e quando vi estava ali, cogitando retomar alguns anos perdidos de nova adolescência, observando um tenis quase de emo, não quadriculado - jamais - mas colorido o suficiente pra eu me sentir muito, muito deslocado. Seria só pra ir na academia. Mas deu vergonha... tá, sou meio velho, uso tenis preto, coturno, bota de couro, prefiro uma de cowboy a uma de emo. Mas enfim...

Essa busca pela jovialidade que permeia a todos, ou quase todos, ficou ali me rondando. Eu poderia ter pego um desses, meio verde com detalhes em verde limão e faixas brancas e laranja... essas coisas...

A chave desse negócio todo é a transferencia da sensação, da inserção no universo do Outro. Psicanálise atormentada...


É impossível, definitivamente, sentir o que o teen de hoje sente. Nem quero, tenho certeza que sinto coisas mais interessantes desde o Karate-kid original até o cyberpunk de Blade Runner e Matrix. Deve ser por isso que eu adoro usar coturno todo destruído. Combatente, urbano, guerreiro e caçador. Essa coisa que começou a entrar com a história de Esparta no colegial, com os filmes de ninjas, os filmes do Van Damme, comandos em ação, essa coiserada toda da minha época, tão militar... que de japones, tem muito. Predisposição a aceitar o que é bom de cada grupo. E tome livro também, certo?


Sobre os emos de hoje, essa geração que muitos de nós (ex-punks por fora, eternos punks por dentro) desprezam completamente por ser uma geração fraca, mole, frágil, emocionalmente despreparada, mimada e perturbada sexualmente. Não, não estou falando mal de gays, nada contra, nem entro no mérito da questão. Só estou achando, daqui do meu quadradinho, que essa geração é fraquíssima.


Essa coisa de emo é uma fusão de certas coisas... meio que sem distinção ou fronteiras claras:

-Ideologia vazia por esgotamento das anteriores
- Homosexualismo como última forma de contestação de algo que é indistinguível, intangível, invisível, imanipulável.

É uma coisinha de marketing, uma coisinha como dizem, eclética. É como aquela moda de roupas femininas com tecidos retalhados - perfeito para a indústria desovar sobras menores de materia prima a custo de matrial nobre. É como sabonete cheio de picadinhos, é como salgadinhos mesclados - tudo sobra da indústria. Mas no caso da cultura, uma vez que não há muito o que se criar que possa ser absorvido por qualquer idiota, cria-se a cultura quase hermafrodita emo, passiva, colorida, infantil e sem definição sexual, frágil (filhos de pais criados na primeira onda de liberalismo e traumatizados pela frustração tando da ditadura quando da cultura livre).

O inimigo agora não existe: ele se infiltrou, transou com os seus, forjou descendentes e é parte da família. Nesse cenário cultural pós capitalismo industrial, pós inicio do capitalismo financeiro, o liberalismo busca através do esvaziamento conceitual, da dissolução das fronteiras e de todas as formas de definição consistente, enfraquecer os pontos inteligíveis que poderiam ser a origem de uma barreira, de uma resistencia cultural. Todos ficaram perplexos com a neutralização das ideologias anteriores. Todos ficaram com vergonha porque elas eram apenas mais uma onda, e não uma tendencia. E calados, aceitam tudo agora e cada um quer ganhar o seu, ou não largar o osso antigo.


O problema fomentado pelas leis educacionais onde o aluno não pode ser repreendido, nem reprovar de ano, e outros absurdos, foi o selo sobre uma manipulação visível, mas consentida, por interesse de todos os preguiçosos e indisciplinados, fracos de caráter (sim, é tudo questão de caráter conceder ou não esses direitos) que permitiram essa construção social tão infame. O interessante é que isso embora seja ridículo, fraco e venenoso, deverá em breve criar uma geração anti-emo, de teens atrozes, violentos, insensíveis, combatentes e extremamente heterosexuais, com ideologias muito definidas, fortes (seja lá quais forem elas) e penetrantes, incisivas, irônicas, sarcásticas. Serão provavelmente, ácidos e provocadores. Aguentarão porrada, será a geração cyberpunk renascida, na época propícia, e a onda de design clean, light, ecológico, será rapidamente superado pelo design pesado e petrolífero, steam punk, metálico cru.


domingo, 3 de abril de 2011

5-Não existe uma mente feminina o masculina

Este é o pior tipo de bobagem que eu já li.
Eu brinco: seria o mesmo que falar num útero feminino, em seios femininos, em pelos masculinos.

Eu ironizo: é lindo quando a ideologia comove, e alimenta os desejos mesmo que insanos e incoerentes de quem profere. Claro que existe mente feminina, que existe cérebro feminino, e o cérebro é o principal órgão sexual. É ele que estimula os órgãos sexuais, diretamente.

E quem é o tipo de idiota que vive de reducionismo, para achar que o cérebro cresce e pode existir isoladamente do corpo? quem é o tipo de pessoa primitiva que supõe que o sexo não é um conjundo de questões sociais, orgânicas, culturais, individuais? Só um idiota poderia acreditar nisso.

Eu sempre acho que isso é discurso socio-político, e até parece que na sociedade a mulher não encontra nichos diferentes do homem, por aptidão e desejo organico distinto. Só um estúpido diz que não, que são idênticos. Talvez em algumas atividades sejam semelhantes, mas em geral, o cérebro acompanha o corpo e por isso o organismo feminino como um todo é distinto, sim. A mente é distinta.

Eu não seria louco a ponto de dizer que 3,6 bilhões de mulheres são mentirosas, porque afirmam que estão de TPM e por isso vão voar na sua garganta se você encher o saco delas. "Ah, mas é um hormonio, o cérebro é o mesmo"....

É o cacete! Reducionista idiota! O cérebro feminino vive no corpo feminino, é formado, suas conexões são construídas no contexto feminino.

Só um viado idiota que vive atrás de livros e não conhece o mundo real, e que tem sérios problemas sociais com relação a autoridades, diferenças, hierarquia, predeterminação organica, para afirmar que essa tal de Charlotte está certa. E é com a boca cheia que eu pergunto: quem é essa idiota???