sábado, 4 de junho de 2011

3-O ícone Chico Buarque antes do troco da Ditadura

"Apesar de você amanhã há de ser
outro dia"
Frase bem conhecida da música de Chico Buarque, amargando contra a maldita Ditadura a promessa de vingança, a virada de mesa contra a repressão da liberdade física e intelectual, contra a opressão burra e desgraçada derivada das opiniões quadradas ao extremo dos milicos daquele tempo (e talvez de hoje também...)

Toda uma geração de artistas e intelectuais lutando contra um inimigo palpável, uniformizado, nítido em sua posição ideológica. A luta leva à ideologia necessariamente contrária, mesmo ao custo do bom senso: toda ideologia tem sentimento suficiente para não conseguir passar incólume ao vício da parcialidade radical, dogmática e de visão aguda.

A promessa é clara, e o pacto com o povo também: nós vamos transformar isso aqui numa festa e quero ver vocês milicos conseguirem nos segurar! Nós vamos acabar com a reputação de vocês, com suaas armas, corroendo de dentro pra fora, até que vocês sangrem na consciência todas as atrocidades que cometeram e cometam suicídio anunciado aos quatro cantos...

Eis aí algumas palavras que se tornaram absolutamente malditas: ordem, disciplina, regras, rotina, hierarquia, autoridade, controle, sistema, poder, padrão, meta, alvo, pontaria...

opa, peraí. Já estamos entrando num outro campo: o dos guerrilheiros em busca do mesmo poder que criticavam: vamos listar algumas palavras que faziam parte de duas classes: dos milicos e dos revolucionários armados: meta, alvo, estratégia, luta, disciplina, inimigo, tática, regras, poder, força, armas, morte, sangue, controle, destruição, implacável, tortura, uso de força, combate, militar e manutenção do poder.

Agora, já que estamos nessa... vamos listar algumas palavras importantes da "elite cultural" representada pela intelectualidade e artistas, livres leves e soltos (ou quase...): amor, liberdade, leveza, arte, cultura, conhecimento, intelecto, informação, arma oculta, indireta, horizonte, céu, livros, mallarmaico, cores, sons, texturas, cheiros e perfumes, dança, expressão... aaa tá, a lista é infinita. E bem mais agradável que a dos milicos de esquerda e de direita, os primeiros que só liam um livro e os segundos que não liam nenhum.

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